sábado, 5 de junho de 2010

If a were a boy...

"If a were a boy,
Even just for a day
(...)"



Foto: Ermelinda Mandlaze

Depois de várias postagens, chegou finalmente a hora de dar umas dicas de como criar estes looks que tenho vindo a falar. Como criar um look inspirado no visual masculino?
Dentro do estilo boyish, podemos criar vários looks, usando e abusando do jogo entre o visual masculino e feminino. Porque não ir ao armário do namorado e pedir-lhe emprestado algumas peças de roupa e criar assim um look boyish?




Às armas: O look retro militar!


Esteve muito em voga na temporada passada, o casaco de inspiração militar. Com este casaco cargo, recupera-se a indumentária militar usada para lutar pela independência e liberdade mas reportando para o dia-a-dia.



Perfecto!


Casaco de couro, usado originalmente por motociclistas com o intuito de proteger da temperatura ou então de acidentes. Nos anos dourados do cinema, actores como James Dean e Marlon Brando imortalizaram esta peça, tornando-as essenciais do look "bom rebelde".




Baggy Jeans... ou então, Boyfriend Jeans!


Calças de ganga de modelagem largas de cintura descida. Podem optar por usa-las com uma dobra para dar um certo charme. e é de apostar nos saltos de salto.

Boyfriend Shorts



Calções de modelagem larga. Estes calções podem ser rasgados, com os bolsos à vista, com virola (dobra), manchas. Depende só do look que se queira criar.


Boyfriend jackets


Casaco de fatos ou então blazers masculinos adoptados às mulheres. É uma das peças básicas para a criação de um look boyish.

Pode completar todas estas peças com:


Chapéu Fedora



É um chapéu de feltro com concavidades na parte superior e na frente. Uma peça que é um must, muito popular entre estrelas.


Boyfriend Shoes



O sapato Oxford de salto ou raso. Já são muitos os estilistas que estao a adoptar este estilo. A Melissa juntamente com o estilista Alexandre Hercovitch são um exemplo.




Para completar este estilo estas peças devem estar no seu armário: suspensórios, coletes, gravatas e lenços.




Foto: Ermelinda Mandlaze




But I am just a girl!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Girls&Boys / Boys&Girls

"(...)Girls who are boys
Who like boys to be girls
Who do boys like they're girls
Who do girls like they're boys (...)"
Blur- Girls & Boys

A androgenia nos videos de música não é um fenómeno recente. Desde finais dos anos 70, homens usam batom e pintam as unhas e mulheres vestem-se de fato e gravata. O aparecimento dos "entertainers" deram mais liberdade para o desenvolvimento da androgenia, mostrando que é um fenómeno que nunca irá desaparecer de moda.
A androgenia foi fundamental para unir estética, atitude e música, numa época em que a nível gráfico e cenográfico os videoclips não estavam muito desenvolvidos. Característico de cantores pop, rock e funk. Todos eles adoptaram a maquilhagem (não sendo assim, restrito para as mulheres), usando o visual como elemento primordial na performance:
David Bowie, o aclamado camaleão, muito conhecido também pela sua personagem androgena Ziggy Stardust.

Boy George é outro cantor conhecido pela sua androgenia. Era muito usual ver este cantor a usar maquilhagem, roupas muito semelhantes ao das roupas femininas.

Mas esta androgenia ainda prevalece nos dias de hoje, destaco o vocalista da banda Tokio Hotel, Bill Kaulitz, que confesso custou-me um bocado a perceber se era homem ou mulher, devido a sua figura franzina, ao seu cabelo comprido e a maquilhagem que usa.
Nos videoclips femininos, onde existe esta androgenia presente é mais a nível de roupa e acessórios. Representações do poder feminino, como por assim dizendo trago-vos dois exemplos:
Beyoncé no videoclip "Suga Mama", onde aparece no ínicio do video com um fato, gravata e chapéu. Com uma vestimenta masculina mas com uma atitude meio feminina e sensual.

Ciara no videoclip "Like a boy", veste-se exactamente como tal, como um rapaz. Alternando o fato e chapéu com o top branco (representando as camisas interiores de manga a cava) e as baggy jeans.

Podemos dizer que a moda sempre teve uma palavra a dizer no mundo da música. Estando sempre a par desta, nunca se afastando desta. E com o aparecer dos entertainers, ter uma boa voz já não é o principal. A isso temos que aliar atitude, estilo, personalidade. Tentando criar algo de novo, sobressaindo dos demais, de modo a não ser mais um cantor ou mais uma banda.





















sábado, 15 de maio de 2010

Walk a mile in his shoes


Fotos: Ermelinda Mandlaze

Se há mulheres que preferem caminhar nas alturas, outras optam por calçados mais confortáveis que não são "pequenas torturas". Trouxe alguns exemplos de calçados desse género, originalmente usados por homens mas que agora até as mulheres decidiram adoptar.

A Adidas é uma conhecida marca desportiva, fundada por Adolf Dassler, no início dos anos 20. As três linhas paralelas são o logo desta empresa. Para além de produzir vestuário e calçado, ainda tem uma linha de produtos de cuidado pessoal e perfumes. A marca é ainda patrocinadora do Campeonato Mundial de Futebol, fornecendo não só bolas de futebol como o equipamento dos àrbitros.
A Nike é outra marca desportiva, criada nos meados dos anos 60, produzindo apenas calçado até 1970, onde começou a produzir camisolas desportivas, malas e mochilas.

Dr. Martens, mas também referidas como Doc Martens, é uma marca inglesa (criada na Alemanda em 1946) que inclui para além de calçado, vestuário e acessórios. Foi muito usada entre os anos 60 e os anos 80 principalmente pelas culturas punk e grunge, sendo também muito popular nos skinheads.

A Converse foi criada em 1908 por Marquis Mills. O Converse All Star é o primeiro tenis de basquete.

A Keds foi durante muitos anos anos associada ao desporto, tendo sido uma marca líder. Fundada em 1916 pela U.S. Ruber Company, esta empresa criou a primeira sola de borracha, tornando os calçados maleáveis e confortáveis, muito diferente do que eram com as solas de couro.

Nem no calçado, existe quaisquer restrições e complexos. E é assim que se "anda uma milha nos sapatos dele"...







quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mundo jeans



Foto: Ermelinda Mandlaze. Modelos: Ermelinda Mandlaze, Vanessa Monteiro (ambas com boyfriend jeans)


As calças de ganga (jeans) são um cliché tanto no armário masculino como no feminino. Em todos os armários podemos encontrar esta peça. Crianças, jovens e adultos usam-na. É um ícone internacional.
É de notar que esta peça conseguiu evoluir de peça de vestuário para a classe trabalhadora, até chegar à classe social alta.
É sem dúvida das peças mais abrangentes que existe, que outra peça pode ser usada por tantas pessoas? De estilos diferentes, de géneros diferentes e de faixas etárias diferentes? Creio que mais nenhuma outra peça de vestuário consegue esta proeza.
Mas inserindo esta peça no tema do blog. Quando é que as calças de ganga deixaram de ser exclusivas do armário masculino?
As mulheres durante o período de Segunda Guerra Mundial ao voltarem a substituír os homens nos seus postos de trabalho, ganharam por assim dizendo, o direito ao uso da calça de ganga (denim), em 1935, com o lançamento da Lady Levi's 701 pela Levi's.
Neste período as calças de ganga não tinham a atenção que hoje tem, só a partir dos anos 40, devido ao boom da publicidade e do crescimento da indústria do entretenimento é que as calças de ganga começaram a ganhar um certo estatuto a pouco e pouco.
As calças de ganga passaram a fazer, permanentemente, parte do mundo da mulher urbana, com cada vez menos aparência de calças masculinas de trabalho reforçando o carácter prático e modesto e começando a ganhar um carácter elegante.
É irónico que o mundo da moda tenha começado a ser mais pensado para os homens e actualmente quem sustenta este mundo sejam as mulheres.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Metrosexual, o novo homem do séc XXI?


Foto: Ermelinda Mandlaze

Metrosexual= heterosexual+sensível+bem educado+cavalheiresco+urbano.

É de recordar que os primeiros a usar maquilhagem e bijuteria foram homens. Nas esculturas da Era clássica é comum encontrar desportistas a exercitar-se, sempre com o corpo musculado e esbelto. E no Império Romano eram os homens que tinham uma maior preocupação com a imagem. Portanto podemos considerar que o metrosexual não é um homem recente apenas a designação o é.

Ao longo dos tempos nota-se sempre uma maior preocupação do homem em estar bem do que a mulher. Mas isto é quebrado, talvez, com a Revolução Industrial, que levou os homens para fábricas sujas.

O séc. XXI não é nada mais do que um reviver. É normal que o homem volte a ter cuidados com a imagem que foram perdidos. Estando nós numa sociedade que cada vez exige mais e mais de nós. Uma sociedade que exige que alcancemos a perfeição (ou pelo menos tentemos). Estas exigências já não só atingem as mulheres como também o próprio homem começa a sentir essa pressão.

A palavra metrosexual é muitas vezes interpretada como sinónimo de homossexualidade, por ser um fenómeno "recente". O homem metrosexual é apenas a renovação do homem tradicional.



Foto: Ermelinda Mandlaze

Na minha opinião nem se devia de denominar assim. Porque cuidar de si, querer estar e parecer bem não é nada do outro mundo. Acrescento ainda que não é apenas exclusivo das mulheres. Tal como nos animais, por exemplo o pavão, que utiliza as suas lindas plumas para seduzir as fêmeas. O próprio ser humano utiliza a sua beleza para conquistar o sexo oposto. Por isso nós (homens e mulheres) gastamos boa parte do nosso tempo a escolhar um outfit, a maquilhar, a usar cremes...



domingo, 25 de abril de 2010

Androgenia é moda?


Foto: Ermelinda Mandlaze
A divisão dos géneros, na moda, é cada vez menos presemte. O uso de peças do universo masculino em vestuário feminino não é algo do outro mundo. É até algo muito recorrente. Mas o caminho inverso está, também, a começar a ser feito.

Está-se a tentar cada vez mais, produzir uma aproximação da aparência do universo feminino e masculino. Tentando quebrar falsas pretensões do que é adequado a cada género.

Num momento em que a mulher já se apropriou de todo o armário masculino é hora de o homem fazer o contrário. É certo, também, que a moda masculina já se encontra num estado já desgastado e comum, e de modo a trazer uma lufada de ar fresco seja, agora, necessário procurar inspiração em lugares mais interessantes e peculiares como o guarda-roupa feminino.

Será que estes estão preparados para isso? É cedo ainda para confirmar. Mas e resposta pode ser afirmativa. Voltámos a uma era em que o homem arranjar-se e demorar tempo a fazer isso nao é visto como tabu. Eles agora preocupam-se outra vez com a sua imagem e como a transmitem. Usando como vantagem o vestuário e a cosmética.

Karl Lagerfield na colecção de prêt-A-porter Primavera-Verão 2010 para a Chanel, mostra-nos como a moda masculina e a moda feminina estão cada vez mais próximas. Criando roupas que tanto podem ser usadas por homens como por mulheres. Quebrando assim estereótipos.



A marca brasileira Ausländer, apresentou-nos na sua colecção Outono-Inverno 2010, inspirada no universo punk. Homens sem camisa, com leggings pretas com efeito brilhante, ponchos tricotados, luvas, joelheiras, ombreiras, t-shirts enormes. Tudo o que uma mulher poderia usar.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Calças Pantalona


Look composto por calças pantalonas de cintura subida, cinto a demarcar a cintura, top preto. Mesmo com umas calças de homem, este look não deixa nada de ser feminino. Foto: Ermelinda Mandlaze



Como referi anteriormente, com a ida dos homens para a guerra, as mulheres tiveram que os substituir no trabalho, isto durante a década de 40 e igualmente ao que aconteceu durante a 1ª Guerra Mundial, neste período houve novamente uma forte masculinização. As mulheres habituadas aos vestidos e saias, adoptaram nesta época as calças, com uma modelaguem mais ampla, de modo a que as curvas do corpo não fossem demarcadas. Este tipo de calças (pantalona, do francês pantalon, calça), foram muito usadas neste período e no que o sucedeu, juntamente com as bermudas e os calções.


Por volta dos anos 70, esta peça voltou a ser tendência de moda, com o movimento hippie.


Nos dias de hoje, estas calças são o must have. Com várias modelagens, de cintura subida ou mesmo descida, mais justas em baixo ou não.

Camisa de Xadrez



Na foto acima apresentada, temos neste look claramente masculino (que só é quebrado pelas sandálias de plataforma) composto pela camisa de xadrez e umas calças de ganga largas (boyfriend jeans). Foto: Ermelinda Mandlaze


O padrão de xadrez foi criado no século XIX, na Escócia. Durante muito tempo este padrão foi muito utilizado em vestuário masculino. No ínicio do séc XX, em fatos ou em apenas em casacos. Só a partir da década de 50, é que este padrão começa a ser utilizado em vestuário feminino.




Quando pensamos em camisas com padrão em xadrez, o que nos vem à mente? É muito normal lembrarmo-nos rápidamente das camisas de flanela características dos lenhadores canadianos ou então nos camionistas americanos. Porém, esta mesma camisa teve também muita popularidade, nos anos 80, nos movimentos grunge e rock, sendo até considerada peça de culto.

Actualmente, estas camisas, não se encontram apenas em flanela, mas também em tecidos mais leves. Sendo ainda muito utilizada por homens, esta peça de vestuário tem vindo a ganhar notoriedade como item essencial nos armários femininos. Sendo usada por mulheres que gostam de looks irreverientes ou por aquelas que preferem looks mais formais.






sexta-feira, 19 de março de 2010

As primeiras calças femininas







A criação das primeiras calças femininas, é atribuído a Chanel, tendo na altura provocado grande polémica.

Tendo os homens ido para a guerra coube, claramente, as mulheres assumir a chefia da família e ainda os trabalhos destes. Para isso era necessário uma roupa mais cómoda. Este foi sem dúvida o factor que ajudou na popularização das calças. As roupas femininas começam a partir desta época a ganhar um aspecto mais utilitário, começando a prevalecer o corte masculino.

E não foi só nas roupas, que as mulheres "imitaram" os homens. A mulher dos anos 20, uma mulher emancipada, começa a fumar, a fazer desporto e a beber cocktails como qualquer homem e sem qualquer pudor.


Foto: Ermelinda Mandlaze

Boyish


Look Boyish

A apropriação do vestuário masculino pelas mulheres está muito em voga, exemplo são os boyfriend jeans, os boyfriends jackets, coletes... Mas este jogo entre o masculino e o feminino não é nada de novo. Se recuarmos um pouco na história da moda: nos anos 60, foi criado o estilo unissex, podendo tanto homens como mulheres usar o mesmo; Yves Saint Laurent coroou com o le smoking, a vitória das feministas em 1966;


Le Smoking, Yves Saint Laurent

nos anos 20, Coco Chanel apresentou uma silhueta mais fluída e criou as primeiras calças femininas. Sem dúvida que a tensão entre a moda feminina e masculina continua.
Look composto por boyfriend jeans, boyfriend jacket e por botas Dr Martens. Foto: Ermelinda Mandlaze

segunda-feira, 15 de março de 2010

Diferença entre o ontem e o hoje: feminino vs masculino, “entre o ser e o parecer”.


Foto: Ermelinda Mandlaze


Assisti a uma conferência, no dia 15, presidida pela prof. Maria Tavares, cujo tema "Eventos e Moda - Entre o ser e o parecer" fizeram-me reflectir a cerca de como o vestuário feminino e masculino evoluíram. O mote da discussão foi exactamente esse. A prof. Tavares apresentou vários casos da história da moda, e fez-nos pensar de que modo a roupa influencia a sociedade e vice-versa. Exactamente o que me fez reflectir acerca do tema do meu blog. Porquê a apropriação por parte do vestuário feminino, de certas peças do vestuário masculino?


A difusão e consequente evolução da moda feminina aconteceu muito em paralelo com a "caída" do vestuário masculino. No presente momento, a moda feminina oferece-nos uma panóplia de variantes: calças, saias, camisas, vestidos, ao passo que o vestuário masculino é muito mais monótomo, tanto a nível de peças de vestuário, como a nível de cores e tecidos. Mas há uns séculos atrás as coisas não eram assim que se apresentavam.

Durante muitos séculos o vestuário masculino foi sempre muito mais evoluído que o feminino. Sendo assim, também era mais estravagante. Não havia tabu de cores, formas e tecidos, não ficando presos no aborrecido fato preto. A moda durante estes períodos foi pensada e criada muito mais para os homens do que para as mulheres.


Se formos a comparar a mulher do séc. XIX à do séc. XX, vemos que não foi só a roupa que mudou, mas o próprio papel da mulher em casa e na sociedade em que vive. Tornando-se emancipada e livre, "arrancou" os sufocantes espartilhos, as pesadonas saias com armação em crinolina, abraçando logo em seguida vestidos com uma modelagem mais solta, as calças e calções. Sem dúvida que acontecimentos sociais como a emancipação feminina, o ganho ao direito ao voto para as mulheres e as guerras mundiais, ajudaram na evolução do vestuário, e no próprio negócio da moda (surgindo em consequência a democratização da moda).


Devemos de agradecer a evolução do vestuário feminino à emancipação feminina. Pois a roupa (como calças, soutien, mini-saias) não é nada mais do que a reflexão da evolução da mulher e do papel que esta ganhou na sociedade.


Não é de todo errado dizer que o vestuário feminino sofreu uma masculinização ao longo do tempo. Isto porque as mulheres e a própria sociedade quiseram reforçar o papel que estas ganharam na dinâmica da sociedade. Presentemente os designers tentam feminilizar o vestuário masculino, mas esta é uma tarefa a ser feita a pouco e pouco.


Sem dúvida vivemos numa sociedade em que a linha "entre o ser e o parecer" é cada vez mais e mais ténue.